A certos momentos que as quatro paredes são as melhores companhias. A cama desfeita, o telefone que não toca, aquele e-mail que nunca chegava, sms de esperança, a mesa toda bagunçada, cds fora da capa, livros esparramados por todos os espaços, anotações jogadas, poesias em pedaços de papeis, com coisas que remetem a um passado a espera de um passado não muito distante. O silencio só era quebrado por uma melodia que insistia em se repetir por diversas vezes.
As paredes então diziam: - não é hora de mudar Comandante?
Fingia não entender, e respondia... – Mas eu gosto desta canção.... se parece comigo... é a música dela....
Fazia frio, uma brisa gelada entrava pelo vão da porta e cortava o rosto, dia cinza como a vida nos últimos dias. Digitar era impossível, escrever menos ainda. A fumaça que vinha da caneca de capuchino dava um certo contraste as imagens que brilhavam no monitor.
Fiquei feliz quando na velha agenda encontrei uma poesia que escrevi na lanchonete, lembrei de sonhos que sonhava até ontem, talvez aquelas palavras dificilmente se repitam novamente. Talvez terá significados diferentes para cada um que chegar a ler..
Olhei a minha frente, algumas sulfites em branco. Não resisti. Mas as frases não saiam. Sei que havia muito a dizer, mas tudo no mundo e na vida estava distante, amargo, desafinado. A tarde chegou, e logo se tornou noite, sem momentos, sem instantes.
Simplesmente um eterno retorno a uma dor no coração.
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